Enquanto os americanos patinam a olhos vistos com seu programa de retorno à Lua, a China segue firme no desenvolvimento dos sistemas necessários à alunissagem tripulada.

No começo de agosto, após meses de experimentação, o módulo lunar Lanyue encerrou seus testes de pouso controlado na Terra, em simulações que emularam da forma mais realista possível como seria descer à superfície da Lua. O protótipo foi içado em uma estrutura de 150 metros feita para tirar parte do peso do veículo e simular uma descida sob gravidade lunar, o equivalente a um sexto da terrestre.

O trabalho lembra um pouco o que foi feito nos anos 1960 com o programa americano Apollo, em que uma versão mais leve do módulo lunar, chamada LLTV (veículo de pesquisa de pouso lunar, na sigla em inglês), era usada para treinar os pilotos. Neil Armstrong quase morreu num desses testes, ejetando do módulo pouco antes que ele se espatifasse no chão e explodisse, em 6 de maio de 1968.

Em contraste com essas histórias sabor “right stuff” dos primórdios da era espacial, o atual módulo lunar chinês conta com computadores muito mais sofisticados, capazes de minimizar o trabalho do piloto. O Lanyue, a exemplo das sondas lunares não tripuladas chinesas, consegue controlar o próprio pouso sem qualquer intervenção de astronautas.

No mais, a espaçonave lembra muito o LM (módulo lunar) da Apollo, com capacidade para transportar dois tripulantes e um rover dobrável que será montado na superfície para permitir jornadas de exploração para longe do sítio de pouso.

A arquitetura do voo será um pouco diferente do programa Apollo, em que as duas espaçonaves (o módulo de comando e serviço e o módulo lunar) voavam num mesmo foguete, o poderoso Saturn V, numa jornada direta à Lua. Para o programa chinês, o foguete em desenvolvimento é o Longa Marcha-10, menos potente, que exigirá que as espaçonaves voem separadamente. Um lançamento levará o módulo lunar, sem tripulação, à órbita da Lua, e outro impulsionará a cápsula Mengzhou, com até quatro astronautas, para um encontro com o Lanyue. Após a acoplagem, dois tripulantes embarcam para realizar o pouso.

O desenvolvimento do Longa Marcha-10 também está caminhando conforme o esperado, e no último dia 15 houve um teste estático bem-sucedido dos sete motores do primeiro estágio. Em breve, ele deve realizar um voo de baixa altitude, seguido por um voo orbital.

A cápsula Mengzhou também está avançando rapidamente em seu processo de desenvolvimento. Em junho, passou por um teste de ejeção de emergência, etapa essencial antes que possa ser lançada com astronautas. Servindo também para missões à órbita terrestre (onde poderia transportar até sete passageiros), ela deve suceder as atuais cápsulas chinesas Shenzhou, que mantêm tripulada a estação espacial Tiangong.

As peças necessárias para o primeiro voo tripulado chinês à superfície da Lua devem estar disponíveis muito antes do novo módulo lunar americano, o Starship, desenvolvido pela empresa SpaceX. Os chineses trabalham com discrição, mas a meta é fazer sua primeira alunissagem “antes de 2030”. Muitos apostam que as primeiras pegadas chinesas na Lua virão em 2029, quando a proclamação da República Popular da China comemora 80 anos. Pode ser antes? Talvez.

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