Os três fundadores da Mistral AI tornaram-se os primeiros bilionários franceses vindos da área da inteligência artificial após uma rodada de financiamento que avaliou a empresa em 11,7 bilhões de euros (R$ 73,9 bilhões).
O CEO da companhia, Arthur Mensch, de 33 anos, e os cofundadores Timothee Lacroix, 34, e Guillaume Lample, 34, têm cada um deles um patrimônio líquido de US$ 1,1 bilhão (R$ 5,92 bilhões), de acordo com o Índice de Bilionários da Bloomberg.
Essa riqueza é proveniente da participação de pelo menos 8% de participação na Mistral, que eles fundaram em Paris em 2023. Um porta-voz da empresa não respondeu aos pedidos de comentário.
A Mistral está concluindo uma rodada para obter 1,7 bilhão de euros, que atraiu novos investimentos da fabricante de chips ASML. Entre os investidores existentes estão DST Global, Andreessen Horowitz e o investidor do setor público francês Bpifrance.
No início desta semana, Mensch afirmou que os três cofundadores e os funcionários permanecem como acionistas majoritários.
A avaliação dá à Mistral maior peso entre as startups de IA na Europa, além de seu proeminente perfil político na França, onde o presidente Emmanuel Macron promoveu tanto a empresa quanto o país como um centro europeu para a tecnologia de rápido crescimento. A Mistral se posicionou como uma alternativa aos gigantes do Vale do Silício, como OpenAI e Google.
A nova riqueza de seus fundadores millennials também coloca uma empresa francesa em concorrência direta com empresas dos EUA, incluindo o provedor de ferramentas de codificação Anysphere, o operador de dados listado Coreweave e o mecanismo de busca Perplexity. Também acrescenta à lista de ultrarricos franceses o bilionário da tecnologia Xavier Niel, que também investiu na Mistral.
A empresa desenvolve modelos de linguagem grandes generativos e um chatbot chamado ‘Le Chat’ —uma alternativa francesa ao ChatGPT, da OpenAI, e ao DeepSeek, da China— e é apontada por muitos investidores como a melhor aposta da Europa para ter um concorrente global de IA. No entanto, ainda é pequena em comparação com outras como Anthropic e OpenAI, que levantaram muito mais dinheiro.
Com cerca de 350 funcionários, a Mistral agora tem sua sede no centro de Paris, além de escritórios nos EUA, Reino Unido, Luxemburgo e Singapura. O valor total de seus contratos é de 1,4 bilhão de euros (R$ 8,84 bilhões). Outros investidores iniciais na empresa incluem Jean-Charles Samuelian-Werve, Charles Gorintin e Cedric O, ex-ministro digital francês. Samuelian-Werve é corretor e conselheiro da startup, além de membro do conselho.
CEO da Mistral, Mensch é o rosto público do trio fundador, encarregado de expandir seus negócios e lidar com os esforços de captação de recursos. Enquanto ele posta regularmente no LinkedIn, incluindo fotos de si mesmo com personalidades como Macron, o primeiro-ministro de Luxemburgo e o CEO da Nvidia, Jensen Huang, os outros dois mantêm perfis muito mais discretos.
Mensch formou-se na escola de engenharia mais prestigiada da França, a École Polytechnique, e passou quase três anos na Deepmind do Google. Lample, que é o cientista-chefe da Mistral, também frequentou a Polytechnique antes da Universidade Carnegie Mellon. Tanto ele quanto o diretor de tecnologia Lacroix, que estudou na École Normale Supérieure, trabalharam na Meta (dona do WhatsApp e Instagram) antes de abrir a Mistral.
Em uma entrevista à Bloomberg TV no Fórum Econômico Mundial em Davos no início deste ano, Mensch apontou o pool de talentos da Europa como uma fonte de força para a empresa e reconheceu uma certa pressão para ter sucesso.
“Temos um certo peso sobre nossos ombros, pois somos a única empresa europeia fornecendo [IA generativa]”, disse. O CEO repetidamente expressou a necessidade de a Europa fazer avanços na área para reduzir a dependência dos EUA, tanto para a região quanto para clientes de outras nações preocupados com a soberania.
“A independência que temos é algo que valorizamos muito…Não estamos à venda”, afirmou.