A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro admitiu a possibilidade de se candidatar em 2026, diante da ausência de Jair Bolsonaro (PL) na disputa eleitoral.

Em entrevista ao jornal britânico The Telegraph publicada nesta quarta-feira (24), Michelle promete ser uma leoa para defender os valores conservadores e diz que cuidará do marido, que foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 27 anos e três meses de prisão.

“Me levantarei como uma leoa para defender nossos valores conservadores, verdade e justiça. Se, para cumprir a vontade de Deus, se tornar necessário que eu assuma a candidatura política, estarei pronta para fazer o que Ele pedir para mim”, disse a ex-primeira-dama, que é evangélica.

Em pesquisa Datafolha do mês passado, Michelle aparece mais bem posicionada que os filhos de Bolsonaro em eventual disputa contra o presidente Lula (PT).

Nas simulações de segundo turno, teria 40%, contra 48% do petista. Já Eduardo Bolsonaro perderia para Lula por 49% a 37% e, Flávio, por 48% a 37%. Na disputa contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o atual presidente ganharia por 45% a 41%.

A possibilidade de uma chapa de Tarcísio com Michelle na vice é exaltada por alguns aliados de Bolsonaro. Até o momento, Michelle sempre se colocou como pré-candidata ao Senado pelo Distrito Federal.

Além da sua recente condenação por liderar a trama golpista em 2022, Bolsonaro foi declarado inelegível em 2023 por criticar e atuar contra o sistema eleitoral, quando fez reunião com embaixadores para atacar as urnas eletrônicas durante a campanha no ano anterior.

“Toda minha atenção está voltada para cuidar das minhas filhas e do meu marido neste momento delicado, para que essa perseguição e humilhação contra nós brasileiros conservadores não destrua minha família ou a família de tantos outros injustamente atingidos por essa perseguição covarde”, afirmou.

Durante a entrevista ao Telegraph, Michelle também criticou o STF e o governo Lula.

“O julgamento de Jair e outros inocentes foi uma farsa judicial. […] As acusações fabricadas contra meu marido eram uma tentativa de esconder graves violações que estão ocorrendo no Brasil, mas acabaram expondo elas”, disse.

Ela afirmou ainda que a insistência do Supremo em manter irregularidades demonstraria que o sistema judicial ameaça direitos e liberdades.

A respeito das sanções aplicadas contra o Brasil pelo governo dos Estados Unidos de Donald Trump, Michelle lamentou-as, mas atribuiu a responsabilidade a Lula e ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.

“O governo Lula parece empenhado em provocar o caos no Brasil e depois atribui-lo a Trump, para explorar o cenário caótico que, na verdade, foi criado por suas próprias políticas”, afirmou.

“Nós não desejamos sanções contra o Brasil, mas não temos nenhuma influência nos Estados Unidos. Entretanto, podemos claramente identificar os responsáveis por elas: Lula e Alexandre de Moraes, cujas ações provocaram essa crise”, completou.

O governo Trump anunciou sanções, no início de julho, tarifas a produtos brasileiros de 50%, após intensa articulação do filho do ex-presidente e deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o empresário Paulo Figueiredo.

O governo brasileiro tem enfrentado barreiras para buscar diálogo com a administração Trump. Na terça-feira (23), durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente americano fez o primeiro gesto a Lula, convidando-o para conversar na próxima semana.

Interlocutores da ex-primeira-dama, após a publicação da reportagem, buscaram reafirmar que ela ainda é candidata ao Senado, apesar da declaração.

De acordo com aliados, Bolsonaro já demonstrou resistência em indicá-la para cabeça de chapa, porque diz que a campanha seria muito dura contra ela. Ele e aliados também alegam que ela não estaria pronta para enfrentar eventuais debates e questionamentos sobre os mais variados temas, como economia.

Além disso, o ex-presidente quer garantir uma bancada robusta no Senado na próxima legislatura para fazer frente ao STF (Supremo Tribunal Federal).

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