O ministro Jorge Messias, da AGU (Advocacia-Geral da União), afirmou nesta terça-feira (23) que o cancelamento do seu visto de entrada nos Estados Unidos é “página virada”. Ele foi um dos alvos das novas sanções do governo Donald Trump contra autoridades brasileiras na segunda (22).
“Para mim, é um assunto resolvido, uma página virada. Visto é um ato de império de cada estado. Não vou atrás disso. Acredito que hoje [terça] já é um novo dia”, disse Messias em entrevista a jornalistas no Rio de Janeiro.
“Ontem [segunda] teve a questão do visto. Hoje teve um encontro entre os presidentes, ainda que breve”, acrescentou.
A fala de Messias é uma referência à menção a Lula (PT) feita por Trump na Assembleia-Geral das Nações Unidas. O americano declarou que teve “uma excelente química” com o brasileiro e que os dois vão se reunir.
“Eu acho que o encontro, ainda que breve, entre o presidente Lula e Trump significa um novo momento, e eu passei a minha vida inteira trabalhando a partir do diálogo”, disse Messias.
O ministro participou no Rio de Janeiro do seminário “Direito, democracia e crédito: construindo um desenvolvimento sustentável e equitativo”. A atividade ocorreu na sede do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Messias fez um discurso em defesa da democracia no Brasil e chegou a mencionar o cancelamento do visto americano.
“Se tiver de perder meu visto para os Estados Unidos, como eu perdi, para que filhos não percam seus pais, eu perco meu visto com alegria. Não tenho problema”, afirmou. “O que não podemos ter mais neste país é desaparecimento forçado, é tortura.”
Aos jornalistas, o ministro disse que não pretende trabalhar em agendas “destrutivas” e que estará ao lado de Lula na tentativa de redução das tarifas impostas pelos americanos a exportações brasileiras. “Não vou levar nada para o lado pessoal.”
“Estou preocupado agora com o futuro, com o próximo encontro entre o presidente Lula e o presidente Trump, o que vai ser feito a partir dali. O resto é secundário. Essas coisas vêm e vão”, completou.
Messias ainda disse que ficou animado com o discurso de Lula nas Nações Unidas. “Fez uma fala muito altiva, uma fala íntegra do ponto de vista intelectual”, apontou.
O ministro esteve na agenda no Rio ao lado do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. “Não vamos abrir mão daquilo que acreditamos e juramos defender. Não vamos abrir mão da democracia”, disse Messias.
Mercadante fez elogios ao trabalho do ministro, a quem chamou de “servidor público exemplar”, e disse que ele foi alvo de uma “brutal injustiça” por parte do governo americano. “Não faz o menor sentido.”