A Anthropic vai deixar de fornecer serviços de inteligência artificial para empresas controladas majoritariamente por grupos chineses, na primeira vez que uma companhia americana do setor adota uma medida do tipo.

A desenvolvedora do Claude, com sede em San Francisco, busca limitar a possibilidade de Pequim explorar sua tecnologia em benefício das forças armadas e dos serviços de inteligência chineses, segundo um executivo da empresa ouvido pelo Financial Times.

A política, que entra em vigor imediatamente, atinge gigantes como ByteDance, Tencent e Alibaba.

O executivo disse que a empresa está agindo para fechar uma brecha que permitia a empresas chinesas acessar IA de ponta. A restrição também valerá para adversários declarados dos EUA, como Rússia, Irã e Coreia do Norte.

O movimento ocorre em meio à crescente preocupação em Washington com companhias chinesas que criam subsidiárias no exterior para mascarar tentativas de obter tecnologia americana.

O executivo afirmou que tanto clientes diretos quanto grupos que usam os serviços da Anthropic via provedores de nuvem serão afetados. O impacto financeiro global seria de alguns milhões de dólares, valor considerado pequeno frente à escala da empresa.

A decisão implica perda de mercado para concorrentes, mas a Anthropic considera necessário dar um sinal claro sobre o que chamou de problema significativo.

O objetivo, disse o executivo, é alinhar a estratégia da companhia ao compromisso de que a IA transformacional deve avançar os interesses democráticos e a liderança dos EUA no setor.

O anúncio surge enquanto cresce a apreensão sobre o uso de IA pela China em aplicações militares —de armas hipersônicas a modelagem de ogivas nucleares.

No início do ano, a startup chinesa DeepSeek abalou a indústria ao lançar o modelo aberto R1, considerado comparável aos líderes americanos. A OpenAI acusou a DeepSeek de usar de forma indevida seus modelos para treinar o R1, acusação não comentada pela empresa chinesa.

O governo Biden já havia imposto amplos controles de exportação para dificultar o acesso da China a tecnologias avançadas de IA.

O governo Trump, por sua vez, ainda não implementou novos controles, enquanto o presidente tenta viabilizar um encontro com Xi Jinping. Fontes próximas afirmam que a medida da Anthropic também mira subsidiárias chinesas em lugares como Singapura, criadas para contornar inspeções mais rígidas.

Nos EUA, o temor é de que companhias chinesas sejam obrigadas a compartilhar dados com o governo de Pequim, o que representaria risco de segurança nacional. Além disso, há receio de que a apropriação de tecnologia americana proporcione vantagem competitiva injusta a grupos chineses.

Fundada em 2021 por ex-funcionários da OpenAI, a Anthropic tem defendido políticas de segurança mais rígidas. Em janeiro, seu CEO Dario Amodei defendeu o fortalecimento dos controles de exportação à China. A empresa anunciou nesta semana que levantou US$ 13 bilhões em nova rodada de financiamento, atingindo valor de mercado de US$ 170 bilhões.

O acesso a chatbots americanos —como Claude, ChatGPT (OpenAI), Gemini (Google) e a IA da Meta— é bloqueado na China. Ainda assim, usuários no país conseguem contornar as restrições por meio de VPNs, em desacordo com os termos de uso das plataformas.

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