A exposição precoce de crianças a ambientes digitais e jogos não apropriados para sua idade pode gerar impactos comportamentais e emocionais relevantes.

Segundo Rodrigo Nejm, doutor em psicologia social e especialista em educação digital do Instituto Alana, é fundamental que os pais compreendam que redes sociais como Instagram, TikTok, YouTube e WhatsApp têm idade mínima de 13 anos.

Ainda assim, muitas crianças abaixo dessa faixa etária acessam essas plataformas sem que estejam preparadas para lidar com os riscos envolvidos. O mesmo se aplica a jogos com múltiplos ambientes de interação, como Roblox, que exigem atenção aos mecanismos de controle e mediação parental.

Assim como a administradora Carolina Junqueira, 34, mãe do Rudá, de 7 anos, faz com o filho (leia aqui a reportagem), a orientação é que os pais acompanhem ativamente a experiência digital dos pequenos, da mesma forma que fariam em atividades presenciais. Isso não significa vigilância constante, mas sim a mediação da entrada da criança no mundo digital.

O especialista do Instituto Alana destaca ainda que os jogos e dispositivos deveriam oferecer ferramentas de controle mais acessíveis, e critica o descompasso entre o investimento das empresas em estratégias de consumo e o investimento em segurança digital para o público infantil.

Sinais de alerta comportamentais podem indicar que a criança está passando por uma situação de risco.

De acordo com a psicóloga Renata Yamasaki, pós-graduada em neuropsicologia pela Unifesp, comportamentos como regressão (voltar a urinar na cama, chupar dedo), sexualização precoce fora de contexto, isolamento, medo excessivo, queda no desempenho escolar e mudanças bruscas no uso de aparelhos eletrônicos (como usar escondido ou se irritar com supervisão) devem ser observados com atenção.

Ela explica que essas reações podem estar ligadas à ativação prolongada do sistema de estresse, afetando funções básicas como o sono, o humor e a cognição.

Nejm acrescenta outros sinais: crianças que passam a esconder o que fazem online, que antes jogavam de forma aberta e agora evitam a presença dos pais; mudanças de comportamento repentino, como uma criança antes introvertida que passa a demonstrar atitudes erotizadas em brincadeiras; ou ainda aquelas que recebem presentes, itens ou moedas virtuais dentro dos jogos, o que pode indicar aliciamento ou chantagem.

Ele reforça que os pais devem monitorar o tipo de consumo virtual, inclusive com relação ao uso de cartão de crédito para compras nos jogos.

A mediação ativa, segundo os especialistas, é a principal forma de prevenção. Além do acompanhamento cotidiano, Nejm destaca a importância da educação sexual como parte do repertório de proteção infantil.

A orientação, o conhecimento do próprio corpo e a regulação das interações com outras pessoas devem começar cedo, de forma adequada à idade, sem a necessidade de abordar conteúdos sexuais diretamente. Sinais persistentes ou abruptos podem justificar uma escuta especializada e, se necessário, encaminhamento às autoridades de proteção à infância.

Reportagem produzida originalmente e publicada aqui pelo Núcleo Jornalismo (nucleo.jor.br)

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