“A inteligência artificial vai mudar tudo”, anunciou na terça-feira (9) o fundador da Oracle, Larry Ellison. A IA certamente mudou a sua fortuna.

As ações da Oracle subiram mais de 30% nesta quarta-feira (10), o que fez o valor de mercado da empresa se aproximar de US$ 1 trilhão e a participação de 41% de Ellison passou a valer US$ 100 bilhões a mais.

Se o momento definidor da IA foi o lançamento do ChatGPT em novembro de 2022, os resultados da Oracle anunciados na terça podem vir a ocupar lugar próximo na história, para analistas e investidores.

A empresa disse ter triplicado em três meses a receita futura contratada, para US$ 455 bilhões, pegando mercado e analistas de surpresa. Grandes clientes estão implorando à Oracle que construa centros de dados para hospedar seus modelos de IA.

Ellison, que ainda preside a companhia, parafraseou um pedido desses: “Vamos ficar com toda a capacidade que vocês têm e que não esteja sendo usada em qualquer lugar do mundo. Não nos importamos.”

Isso reflete o fato de que a IA é, em parte, milagre e, em parte, histeria. Mas a Oracle já atravessou ciclos de euforia e decepção. Depois do estouro da bolha tecnológica de 2000, a ação da companhia despencou quase 80% em um ano.

Ainda assim, sua receita caiu apenas 14% em dois anos, e então se recuperou. Com quatro exceções, a empresa cresceu todos os anos desde então.

Duas coisas ajudaram a salvar Ellison. Enquanto alguns grandes clientes desapareceram na bolha das pontocom, a base diversificada de clientes da Oracle —empresas como Ford e General Electric— resistiu.

Além disso, como empresa de software, ela não havia se envolvido no gasto imprudente em ativos fixos que queimou empresas como Cisco, Nortel e Lucent.

Desta vez, a situação é um pouco diferente. A Oracle ainda é bastante diversificada, mas está se tornando menos. Analistas do UBS estimam que mais de US$ 100 bilhões em projetos de negócios da empresa venham da criadora do ChatGPT, a OpenAI.

Montar negócios à custa de uma companhia que espera queimar US$ 115 bilhões em investimentos até 2029, embora hoje tenha apenas cerca de US$ 13 bilhões de receita, introduz um novo tipo de risco que a Oracle não encarou no início dos anos 2000.

Além disso, abraçar o crescimento na era da IA tem custo, visível no aumento dos gastos de capital. É verdade que a Oracle permanece relativamente “leve em ativos” comparada a outros chamados hyperscalers (grandes provedores de infraestrutura de computação) que estão erguendo centros de dados.

Ela não compra terrenos e edifícios, apenas equipamentos, e o intervalo entre comprar o maquinário e começar a ganhar dinheiro com ele é curto —ao contrário de alguns megaprojetos de cauda longa do Vale do Silício.

Mas o montante que está sendo gasto disparou. Os US$ 35 bilhões que a Oracle planeja investir neste ano fiscal equivalem a cerca da metade da sua receita esperada. Os custos de depreciação, que refletem investimentos passados, consumiram quase 10% das suas receitas no último trimestre; no início do século, esse número era cerca de 3%.

Antes, empresas de tecnologia cresciam principalmente contratando mais pessoas; hoje elas também sobrecarregam seus balanços.

Embora a forte alta desta quarta-feira coloque o valor de mercado da Oracle em quase quatro vezes o pico anterior à queda de 2000, há algum consolo para os investidores. A empresa negocia a cerca de 40 vezes o lucro previsto. Naquele período, valia mais de cem vezes.

O vício em investimento do Vale do Silício pode estar acumulando problemas —e agora a Oracle embarcou com força nesse movimento—, mas, em termos de mercado acionário, Ellison já viu e sobreviveu a piores momentos.

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