O bolsonarismo sempre foi palco de disputas fratricidas. Muitas das quais resultaram em inúmeros expurgos. Mas agora os conflitos alcançaram outro nível. Faltando pouco tempo para o início do julgamento de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro deixa clara sua intenção de provocar um verdadeiro racha.
Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), afirmou que, “se Tarcísio for candidato à Presidência, será pelo PL”. Em resposta, Eduardo Bolsonaro anunciou que, caso o governador de São Paulo ingresse na sigla, a família Bolsonaro irá procurar outra legenda.
Para Eduardo, apenas membros da família seriam confiáveis para continuar o legado político de Jair Bolsonaro. Os demais políticos de olho em seu espólio devem ser vistos com desconfiança pois, em sua visão, haveria um processo para “apagar” a família Bolsonaro do cenário político.
Tarcísio respondeu afirmando que, caso fosse eleito presidente, sua primeira medida seria conceder um indulto a Jair Bolsonaro. No entanto, a probabilidade de que Jair Bolsonaro venha a ser salvo por um indulto presidencial é quase nula. Basta lembrar do caso do então deputado bolsonarista Daniel Silveira.
Silveira foi condenado pelo STF em 2022 por ameaça ao Estado de Direito e coação no curso do processo. A sentença de 8 anos e 9 meses de prisão teve origem na divulgação de um vídeo no qual atacava ministros do STF, defendia o fechamento do Supremo e pedia um novo AI-5.
Na época, Jair Bolsonaro concedeu um indulto a Silveira, mas sua prisão foi mantida por unanimidade pelo STF. Isso abriu um precedente para que um possível indulto a Jair Bolsonaro também seja negado. Sobretudo levando em consideração que os crimes pelos quais Bolsonaro será julgado são mais graves e sua pena pode ultrapassar 40 anos de prisão.
Daí a pressão do bolsonarismo pelo impeachment de Alexandre de Moraes via Senado. Contudo, há vários obstáculos. Apenas o presidente do Senado pode decidir se aceita ou não um pedido de impeachment de um ministro do STF. Caso aceite, o parecer precisa de maioria simples (41 votos) para ser aprovado. Porém, a decisão final deve ser confirmada por dois terços (54 votos).
No início de agosto, 41 senadores já se posicionaram a favor do impeachment de Moraes. Apesar disso, Davi Alcolumbre anunciou que não deve pautar o tema. Ainda assim, faltariam 13 votos para chegar aos 54 necessários. Daí o esforço concentrado dos bolsonaristas para eleger o máximo de senadores em 2026. O que não será fácil.
No ano que vem, o Senado irá renovar justamente 54 cadeiras, duas por estado. Para atingir o objetivo de ter dois terços da Casa, os bolsonaristas precisam eleger 39 novos senadores, ou seja, mais de 70% do total. O racha que vem sendo promovido por Eduardo Bolsonaro torna o feito ainda mais difícil.
Não contente em anular seu próprio futuro político e prejudicar o processo do pai, Eduardo Bolsonaro ameaça a influência da família e enfraquece o bolsonarismo ao querer assumir sozinho a liderança exercida por Jair. Perde a extrema direita, ganha o Brasil.
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