O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) não tem expectativa grande para a realização da reforma agrária no terceiro mandato do presidente Lula (PT), afirma Ceres Hadich, da direção nacional do grupo, que cita o contexto em que o petista foi eleito e questões orçamentárias como entraves.
Hadich cita dados do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) que mostram que cerca de 140 mil famílias estão acampadas à espera de terra. “Por dados do próprio Incra a gente sabe que talvez não chegue a contemplar 20 mil, 25 mil famílias dessas que estão no cadastro de famílias acampadas”, diz.
“O que a gente está vendo o governo fazer dentro das suas possibilidades, não orçamentárias, é regularização fundiária, assentamento de famílias dentro de projetos de assentamento que já existem, regularização e reconhecimento de áreas quilombolas, fatos que são muito importantes, mas que fogem a esse enfrentamento direto à demanda pela luta pela terra no Brasil”, ressalta.
A integrante da direção nacional do MST afirma que uma das barreiras para a reforma agrária foi a necessidade que o presidente teve de compor com grupos que representavam interesses antagônicos à demanda.
Por isso, argumenta Hadich, apesar de o MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) ter sido recriado, ele não foi equipado com a estrutura necessária para implementar a política de redistribuição de terra. “A gente não tem hoje na pasta do MDA um orçamento condizente com as necessidades que temos hoje no Brasil para a realização da reforma agrária”, diz.
Ela afirma que, em um eventual quarto mandato do petista, a discussão sobre reforma agrária ganhe peso. Enquanto isso, diz, o grupo vai continuar se mobilizando, “incentivando a luta pela reforma agrária, seguir pressionando o governo para que ele faça o assentamento das famílias e que ajude a desenvolver os assentamentos que já existem no Brasil”.
“Mais do que isso, que a gente também aponte no horizonte de um novo governo a possibilidade de ter, de fato, um projeto claro para a realização da reforma agrária no país”, afirma.
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