A Nvidia registrou mais um trimestre de forte crescimento nesta quarta-feira (27), em meio a preocupações do mercado sobre como seus negócios de chips na China irão navegar nas tensões geopolíticas entre Washington e Pequim.

O gigante de tecnologia avaliado em US$ 4 trilhões que está no centro do boom da inteligência artificial divulgou receita de US$ 46,7 bilhões no trimestre encerrado em 28 de julho, alta de 56% em relação ao ano anterior e ligeiramente acima da estimativa de consenso de US$ 46,5 bilhões, segundo a Visible Alpha.

A empresa projetou vendas de US$ 54 bilhões para o trimestre atual, com margem de 2% para mais ou para menos, em comparação com a expectativa de US$ 53,8 bilhões.

O papel da Nvidia no design de chips avançados usados para desenvolver e operar modelos de IA, como o ChatGPT, a tornou a empresa mais valiosa do mundo em valor de mercado e um termômetro do setor.

Porém, a companhia se viu envolvida na guerra comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra Pequim.

Analistas afirmam que a decisão da Nvidia de não incluir a receita de chips de IA da China em sua projeção desapontou investidores, mesmo após acordo com o governo dos EUA para retomar vendas do chip H20, desenvolvido para o mercado chinês.

As ações caíram cerca de 2,5% nas negociações pós-mercado desta quarta-feira.

Gene Munster, sócio-gerente da Deepwater Asset Management, disse que a exclusão da China reduziu a expectativa de receita. “Os US$ 54 bilhões não incluem o H20 —e fiquei surpreso por não incluírem”, disse. Muitos analistas de Wall Street haviam previsto cerca de US$ 2 bilhões adicionais neste trimestre após a liberação das exportações.

O desempenho da Nvidia na China é uma questão crucial para os investidores.

Novos controles de exportação impostos no início deste ano pelo governo Trump afetaram as vendas do H20. No começo de agosto, a Nvidia fechou acordo com o governo americano para retomar as vendas na China mediante corte de 15% na receita.

Apesar de não registrar receita na China no trimestre devido às novas restrições de exportação dos EUA, a companhia informou que conseguiu vender US$ 650 milhões do chip H20, desenvolvido especificamente para o mercado chinês, a um cliente fora do país.

Em registro à SEC, a empresa alertou que o acordo poderia “nos expor a litígios, aumentar custos e prejudicar nossa posição competitiva”. A concorrente AMD firmou acordo similar.

Pequim também dificultou o uso dos chips da Nvidia por empresas chinesas, deixando os analistas sem visibilidade sobre quanto será vendido este ano, à medida que negociações comerciais mais amplas entre os dois países se arrastam.

A diretora financeira da Nvidia, Colette Kress, disse que a empresa ainda aguarda o governo dos EUA publicar a regulamentação oficializando o acordo recente.

Caso as questões geopolíticas sejam resolvidas, a Nvidia poderia enviar entre US$ 2 bilhões e US$ 5 bilhões em chips H20 para a China durante o trimestre, afirmou Kress, com um “número selecionado” de clientes chineses já recebendo licenças nas últimas semanas.

Apesar de não ter registrado receita de H20 na China durante o trimestre devido às novas restrições, a empresa conseguiu vender US$ 650 milhões desses chips para um cliente fora do país.

A receita da Nvidia com clientes localizados na China, incluindo vendas de chips para jogos, caiu 50% em relação ao trimestre anterior e 25% em relação ao ano passado, totalizando US$ 2,8 bilhões.

A receita global de data centers, relacionada aos chips de IA, foi de US$ 41,1 bilhões, ligeiramente abaixo da estimativa de consenso de US$ 41,4 bilhões, compensada por resultados melhores do que o esperado no segmento de jogos.

As ações da Nvidia subiram 35% em 2025 até o fechamento desta quarta, impulsionando o mercado em geral, mas mostraram sensibilidade a notícias negativas. Os papéis caíram durante uma ampla onda de vendas de empresas ligadas à IA, após relatório crítico sobre aplicações práticas e comentários do CEO da OpenAI, Sam Altman, sobre exagero dos investidores em relação à tecnologia.

O lucro líquido saltou 59% em um ano, para US$ 26,4 bilhões, superando a previsão de US$ 23,5 bilhões. O lucro por ação ficou em US$ 1,08, enquanto a margem bruta ajustada foi de 72,7%, ligeiramente acima da estimativa de 72,3%.

O lançamento da nova plataforma Blackwell Ultra “está avançando a todo vapor, e a demanda é extraordinária”, disse o CEO Jensen Huang. A implantação envolve infraestrutura complexa para integrar chips em racks cada vez maiores, tendo enfrentado problemas técnicos nos estágios iniciais.

A Nvidia trabalha em um novo chip baseado no Blackwell para o mercado chinês, mais potente que o H20, mas ainda inferior aos chips mais avançados nos EUA. Trump indicou estar aberto a um acordo de receita semelhante.

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