O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, que trocou o Novo pelo PSD, afirmou que irá apoiar a candidatura de Romeu Zema (Novo) à Presidência mesmo em um cenário em que o partido de Gilberto Kassab lance um nome para a disputa nacional.
A fala foi feita nesta segunda-feira (27) em evento em Belo Horizonte de filiação de Simões ao novo partido. Também estavam presentes Zema e Kassab, além de dirigentes do Novo e do PSD.
“O presidente Kassab foi muito claro. Em Minas Gerais, o palanque é do governador Romeu Zema, é assim que nós caminharemos”, disse o vice-governador em entrevista coletiva.
O chefe do PSD não conversou com jornalistas após o evento. Em seu discurso, disse que a aliança entre os dois partidos em Minas será liderada por Zema.
O governador, por sua vez, reafirmou que seguirá com sua pré-candidatura ao Planalto até o fim.
“Pode ser que lá na frente eu possa ter o apoio de outros partidos, mas isso vai depender muito das pesquisas”, respondeu Zema sobre a possibilidade do apoio do PSD à sua candidatura presidencial.
Apesar de a troca partidária do vice-governador ter gerado discordâncias entre membros do partido Novo, o discurso no evento desta segunda foi no sentido de reforçar uma parceria entre as duas alas.
A antiga legenda de Simões espera agora indicar o vice para a chapa, e o novo integrante do PSD garantiu que ela terá espaço na majoritária, com um nome para vice ou para uma das duas vagas para concorrer ao Senado.
Escolhido por Zema como o pré-candidato a sua sucessão, Simões agora tem a seu favor o partido com mais prefeituras no estado.
Sua filiação acontece após uma disputa entre a bancada estadual do partido, que faz parte da base de apoio de Zema na Assembleia Legislativa, e os deputados federais, mais próximos do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Presidente do PSD em Minas, o deputado estadual Cássio Soares, disse que Pacheco é um quadro qualificado do partido, mas que esteve focado nos últimos tempos em garantir uma nomeação ao STF (Supremo Tribunal Federal).
“Nós aqui [em Minas] já estamos definidos que o PSD caminhará junto com o Mateus Simões, nosso próximo governador”, disse Soares.
Com a ida de Simões à legenda, o caminho de Pacheco passa a ser escolher um novo partido caso realmente deseje concorrer ao governo mineiro no próximo ano.
Entre as siglas citadas por interlocutores, estão o MDB, o União Brasil e o PSB. O ex-presidente do Senado é o preferido do presidente Lula (PT) para garantir um palanque competitivo no estado no pleito de 2026.
Pacheco tem como prioridade a indicação para a vaga no STF deixada pela aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso. O entorno de Lula, porém, já considera como certo o anúncio do nome do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a corte.
Como mostrou a Folha, a decisão ficou para o retorno do presidente da viagem ao exterior porque o petista pretende ter uma conversa com Pacheco antes de anunciar sua decisão.
Ainda segundo pessoas a par da discussão, Lula gostaria de fazer esse gesto de consideração ao aliado. Auxiliares lembram que o presidente poderá fazer até quatro indicações para o STF em caso de reeleição e que, para esse projeto, contaria com uma candidatura forte em Minas.
Já a escolha de Simões pela troca de partido passou pela estrutura do PSD. Além do número de prefeituras no estado, a legenda dispõe de tempo de televisão e verbas partidárias bem superiores em relação ao Novo.
Simões relatou a aliados do antigo partido que a ida para o PSD havia se tornado “o caminho mais lógico” diante do cenário eleitoral mineiro.
“Mudar de partido passa a ser um caminho mais lógico, pelo risco do PL/Republicanos lançarem o Cleitinho [Azevedo] como candidato do bolsonarismo, o que me obriga a reunir o restante do centro ao redor da minha candidatura”, disse o vice em mensagem a integrantes do partido.
O PSD saiu fortalecido das últimas eleições municipais, em 2022, ao dobrar o número de cidades mineiras sob seu comando, para 142 prefeituras. Desde então, mais prefeitos se aliaram à legenda.
Depois da morte do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, o município mais populoso governado pelo partido passou a ser Uberaba, no Triângulo, onde a prefeita Elisa Araújo é aliada de Simões.
A expectativa do vice-governador é a de que a federação composta por PP e União Brasil esteja em sua chapa no próximo ano, o que lhe garantiria o maior tempo de televisão entre os candidatos e poderia reverter seu baixo conhecimento junto à população.
Além de Simões e Pacheco, outros nomes cotados para a disputa ao Palácio Tiradentes são os do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL), que aparecem na liderança da maioria das pesquisas de intenção de voto.
Apenas um deles, porém, deve liderar uma chapa mais à direita no espectro mineiro.
Políticos que já concorreram ao cargo também consideram a candidatura, como o ex-governador Aécio Neves (PSDB) e o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PDT).
No âmbito nacional, o PSD de Kassab passará a contar com mais um governador em março, quando Zema deixará o comando do Governo de Minas para a disputa à Presidência.
Nos últimos meses, o partido acertou a filiação dos governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e de Pernambuco, Raquel Lyra.